
Informações passadas aos serviços de inteligência da Polícia Civil e da PM indicam que homens do segundo escalão da facção que controla a venda de drogas na região, diretamente ligados ao traficante Valquir Garcia dos Santos, o Carré, que fugiu para a favela da Rocinha, em São Conrado (zona sul), estavam no local no momento do confronto.
O coronel Robson Rodrigues, do CPP (Comando de Polícia Pacificadora), admitiu que no local onde ocorreu o ataque funcionava um ponto de endolação, onde drogas são embaladas e vendidas. Policiais da Delegacia da Cidade Nova (6ª DP) dizem acreditar que a granada tenha sido arremessada para proteger e facilitar a fuga desses criminosos que ocupam cargos de comando na quadrilha.
O oficial admitiu também que há pontos críticos na favela, inclusive com a presença de homens armados. No dia do ataque na Coroa, houve troca de tiros e uma pistola foi apreendida. O coronel Rodrigues explicou que o uso de granadas passou a ser uma estratégia do tráfico contra os policiais das UPPs, porque o artefato, com alto poder de destruição, é fácil de ser transportado.
A suspeita sobre a presença de chefes do tráfico na região ganha força, porque a polícia tem informações de que Paulo César Baptista de Castro, o Paulinhozinho, gerente-geral do tráfico nos morros do Fallet e do Fogueteiro, em Santa Teresa (centro), não deixou a região mesmo após a implantação da UPP, que contempla as duas comunidades e o morro da Coroa, apesar de serem dominadas por facções diferentes.
Moradores do morro da Coroa confirmam que chefes do tráfico ainda estão na região. Um morador da comunidade que pediu para não ser identificado diz ter visto Carré em cima de uma laje gritando que o morro ainda pertencia a ele, meses após a chegada da 15ª UPP, em fevereiro passado. A unidade conta com 203 policiais.
Policiais da 6ª DP já têm nomes de suspeitos de terem participado do ataque com granada, mas não revelaram para não atrapalhar as investigações. Os policiais envolvidos no confronto disseram não ter visto os rostos dos criminosos. Nem mesmo o menor apreendido por suspeita de participação no crime foi reconhecido pelos policiais. Ele deu entrada baleado no hospital Souza Aguiar, no centro.
Na última quarta-feira (29), policiais da UPP distribuíram panfletos com o telefone do Disque-Denúncia (0xx21 2253-1177) para estimular os moradores a denunciar suspeitos envolvidos no ataque. De sábado até as 19h da última quarta-feira, o serviço havia recebido nove informações sobre o caso.
