Às vésperas de completar 51 anos (uma boa ideia?), sentindo a brisa polar no rosto, pedalo minha bike pela ensolarada Ipanema desviando das folhas secas espalhadas pelo chão. Sem paciência de escrever, ou mesmo de pensar, lembro de um velho verso de Caetano Veloso: o sol nas bancas de revista me enche de alegria e preguiça. Quem lê tanta notícia?
Se Sarney e Collor – e outros da mesma cepa – se preocupam tanto com o Silêncio, por que não calam suas digníssimas bocas para sempre num sigilo eterno? A nação agradeceria. Como disse Meher Baba, aquele guru indiano, poucos segundos antes de fazer o voto de silêncio que duraria até sua morte, 43 anos depois: “Você já foi à Alagoas e ao Maranhão, nega? Então vá”.
O escritor italiano Antonio Tabucchi cancela sua vinda à FLIP em protesto pela decisão do Brasil de não extraditar Cesare Battisti, acusado de vários homicídios pela justiça italiana. Como diria um ilustre iletrado, desses que governam o país e acham que ler é uma perda de tempo: “O Battisti não é escritor? Então. Foi só uma troca de escritores italianos. Tabucchi por Battisti. Por que o pessoal da FLIP não chama o Battisti pra substituir o Tabucchi?”.
Pesquisa aponta que 47% das mulheres brasileiras admitem que já apanharam dos maridos. Como diz aquele guitarrista metido a cronista: “Sem comentários”. O papa Bento XVI é o primeiro líder da Igreja Católica a usar o Twitter. E assinou sua mensagem em latim! Uau! Como disse Giovanna, minha amiga ateia de Curitiba: “Agora só falta liberar o uso da camisinha, o casamento gay e o aborto”.
“E a maconha!”, acrescento, depois de assitir ao imperdível documentário Quebrando o Tabu, que traz FHC em excelente forma e Drauzio Varella dando show de bola, para variar. Mesmo com toda a boa vontade da imprensa e da população fluminense, que reconhece a boa política de segurança pública, o governador Sérgio Cabral terá de explicar, em algum momento, suas relações perigosas com empreiteiros e outros bichos. Como dizia meu avô: “À mulher de César não basta que seja honesta, tem de parecer honesta!”. Ao que minha avó, feminista pioneira, leitora de Simone de Beauvoir, retrucava: “A mulher? E o César, tem de parecer o quê?”.
